Soul: o filme que toca a alma - Victória Destefani

Você com certeza já se perguntou sobre o que acontece conosco quando morremos, para onde vamos ou o que acontece na vida pós morte. E o filme Soul trata exatamente disso. A história conta de um professor de música frustrado que é apaixonado por jazz. Ele nunca teve sua chance de brilhar, mas quando finalmente é chamado para tocar em um quarteto, cai em um bueiro e morre. Assim, ele vai parar no além vida e descobre muito mais do que imagina.

Divertidamente e Viva - a vida é uma festa são animações do estúdio Pixar que trazem explicações de assuntos complexos de maneira lúdica para as crianças, mas que geram uma reflexão aos adultos. Soul segue exatamente essa linha, tentando exemplificar o que acontece conosco ao morrer. Porém a animação é mais profunda que isso. Ela nos faz refletir sobre o nosso propósito de vida e o motivo de estarmos na Terra.

Assim como em todas as animações infantis, Soul utiliza de metáforas para mostrar aos espectadores o motivo das coisas. Nesse caso, uma alma que nunca viveu encarna em um humano e uma alma já vivida encarna em um animal. Os dois precisam aprender a controlar suas emoções e entender o que nos faz estar vivos, quais nossos sonhos e a busca por eles. Qual o nosso verdadeiro propósito de vida. Apesar de muito filosófico, a história cativa de maneira extremamente sensível, e é necessário preparar o lencinho ao terminar a história.

Uma das cenas que me deixaram reflexiva é quando aparece a personalidade de cada alma e como ela é formada. Por exemplo, eu tenho certeza que me colocaram na fila dos cinéfilos algumas vezes... Mas a metáfora vai além disso. Essa cena me fez refletir qual o motivo de ter minha personalidade, quais as influencias e qual meu propósito de vida. Passei o filme inteiro pensando nisso e no final, descobri que não existe um "dom" específico para cada pessoa. As habilidades são adquiridas conforme nos empenhamos em fazê-las e nossa paixão por elas.

Divulgação/

Diferentemente de outras animações, Soul inova e não traz a resposta em certo ponto. É necessário pensar para entender o que cada ação dos personagens quis transmitir. Esse, para mim, é o maior diferencial da história. Para as crianças, as respostas podem chegar rapidamente, mas para os adultos, será necessário refletir algumas ideias antigas. É nesse ponto que a história é sensacional, pois deixa o final em aberto.

Outra coisa que me chamou muito atenção foi a coloração do filme, todo em tonalidade de azul, umas das cores mais cerebrais que existem. Por isso acredito que a escolha da cor foi muito bem-feita, pois representa uma ideia de introspecção e da divindade ligada ao além vida.  Soul é um filme que toca nossa alma, enquanto reflete sobre temas mórbidos e difíceis de serem tratados. Vale lembrar que essa é a primeira animação do estúdio Pixar com um protagonista negro, um motivo a mais para querer se aventurar pela história do filme. É um filme que merece ser assistido e discutido.